sábado, 4 de março de 2023

Ben-Hur (1959): A Versão Definitiva, Insuperável e Inesgotável de William Wyler. Parte 1.


BEN-HUR é uma saga imortal de proporções heroicas que vem atravessando o tempo e o vento. Extraído do célebre romance (publicado em 1880) do general Lewis Wallace (1827-1905), a trajetória do nobre judeu traído pelo seu melhor amigo (um romano) teve quatro adaptações cinematográficas (1907, 1926, 1959 e 2016). 

A versão de 2016 com Jack Huston e o brasileiro Rodrigo Santoro no papel de Jesus Cristo gerou polêmicas por parte de alguns saudosistas, entretanto é justamente nos Remakes que tem-se a curiosidade e o incentivo de ver a obra original de 1959, que tanto sucesso fez nos nossos cinemas brasileiros durante anos até ser lançado na TV brasileira em 1984, figurando ora ou outra na programação do canal TCM.

A presente matéria sobre a trajetória deste personagem será apresentada em duas partes, relembrando vários aspectos da origem do romance e de suas versões cinematográficas, e analisar a importância do filme de 1959, que salvou a Metro Goldwyn Mayer da grave crise financeira, conquistando 11 Oscars da Academia, tornando uma obra imbatível com o maior número de prêmios até empatar em 1998 com Titanic.

BEN-HUR  dirigido por William Wyler está apontado como um dos melhores 45 filmes de acordo com o Vaticano na categoria de Religião, segundo uma lista promovida pela Santa Sé no decorrer das comemorações do Centenário de Nascimento do Cinema, em 1995.

Enfim, a história original de BEN-HUR é uma saga imortal de proporções gloriosamente épicas, com amizade, traição, amor, fé e redenção. Relembremos todas as suas adaptações para as telas,  onde certamente a montagem estrelada por Charlton Heston (1923-2008) é a versão definitiva, inesgotável e insuperável.

Por PAULO TELLES.



I -A ORIGEM DE UMA OBRA LITERÁRIA

Talvez poucos saibam entre os aficionados de cinema que a saga de Ben-Hur partiu de uma obra literária publicada em 1880 e escrita por um militar e político americano, o General Lewis “Lew” Wallace (1827-1905), herói da Guerra da Secessão (1861-1865) que lutou pelo exército da União. Entretanto, o mais curioso, é como o militar resolveu ir adiante com o projeto. Homem sem crença religiosa e ateu convicto, Lewis Wallace tinha o objetivo de escrever um livro que tinha por finalidade desmistificar o Cristianismo e provar que Jesus Cristo nunca existiu.

Edição norte-americana do livro de Lew Wallace

No entanto, ao fazer tais pesquisas em várias bibliotecas dos Estados Unidos e na Europa para compor sua obra, Wallace se deu conta de duas coisas: que Jesus de Nazaré foi um homem de carne e osso, e que Deus existia dentro dele e de quem acreditava nele. Não se sabe exatamente como se deu essa conversão do escritor, mas como toda lenda sempre tem um fundo de verdade, o fato que Wallace mudou consideravelmente. 

O brasileiro Rodrigo Santoro como Jesus na versão de BEN-HUR de 2016

O escritor desde então passou a acreditar em Deus e pôs-se a escrever uma das obras mais lidas de todos os tempos, narrando a história do príncipe semita Judah Ben-Hur, acusado de atentado contra a vida de um governador romano em Jerusalém na época de Cristo por um amigo de infância, o romano Messala, que preso e enviado as galés como escravo, conquista a liberdade ao salvar a vida de um cônsul romano durante um ataque de piratas, que o adota como filho e herdeiro, e vai viver em Roma. 

Ben-Hur (Charlton Heston) amenizando a dor de Jesus (Claude Heater) no seu tétrico caminho para o Calvário na versão campeã do Oscar de 1959 
Após a morte do cônsul, Ben-Hur empreende uma busca pelo paradeiro da mãe e da irmã e investe sua fortuna para se vingar do homem que destruiu sua vida, numa espetacular corrida de quadrigas, mas mesmo neste tumultuado destino, ele tem um encontro com Jesus, que cura a mãe e a irmã do herói que se encontravam leprosas devido aos anos que ficaram encarceradas. É durante a crucificação de Jesus que Ben-Hur compreende o significado da missão do Redentor, se sentindo mais leve e se rendendo ao amor e ao perdão de Deus.

General Lewis "Lew" Wallace.

II – O ESCRITOR
Lewis “Lew” Wallace nasceu em Brookville, Indiana, Estados Unidos, a 10 de abril de 1827. Tornou-se um homem de armas, um militar, participando de grandes momentos da História da América do Norte, servindo na Guerra de Anexação do Texas e na Guerra de Secessão (1861-1865, com as forças da União). Destacou-se com bravura nesta última, o que o galhardeou futuramente o posto de General. Mais tarde se tornou governador do Território do Novo México algumas décadas antes de ser um Estado da União (1878-1881) e ministro encarregado de negócios na Turquia (1881-1885).

O General Lewis Wallace (1827-1905) - O autor de BEN-HUR. Escritor e Herói da Guerra da Secessão (1861-1865)
Além de ser um inigualável estrategista de guerra e homem de luta e aventuras, Wallace era um homem de cultura. Antes da eclosão da Guerra Civil da América do Norte, formou-se em direito e chegou mesmo a advogar. Isto permitiu que mais tarde Wallace se tornasse um célebre diplomata. Como Governador do Território do Novo México, foi ele que concedeu anistia ao célebre famigerado outlaw William Booney, o famoso Billy The Kid (1859-1881), mas logo depois negou-lhe o indulto por participar dos “Vigilantes”, um grupo de “justiceiros” que espalhavam pânico e terror na região do Novo México, executando sumariamente todos os suspeitos de participação em disputa de terras.

Lewis Wallace em 1881.
Antes e depois de algum tempo da Guerra Civil na América do Norte, Lew inclinava-se para a descrença em questões religiosas. Certo dia, viajando pela estrada de ferro, encontrou-se com certo Coronel Ingersoll, famoso ateu. Sua conversação girou em torno do assunto religioso e então o coronel apresentou suas ideias. Wallace ouviu-as e ficou muito impressionado, mas finalmente observou que não estava preparado para concordar com Ingersoll em certas proposições extremas, relativas à negação da divindade de Cristo. Ingersoll aconselhou Wallace a que dedicasse ao assunto o mais cuidadoso estudo e pesquisa, como ele mesmo já fizera, confiando que Wallace, depois disso, concordaria com seu ponto de vista. Depois de se despedirem, o General Wallace cogitou do assunto, e resolveu entregar-se a mais minuciosa investigação.

Lewis Wallace e sua mente produtiva vem a compor uma das obras literárias mais lidas de todos os tempos: BEN-HUR - Publicado em 1880 e traduzido para diversos idiomas. 
Durante seis anos ele pensou, estudou e pesquisou. De início, Wallace tinha esperança de escrever uma obra que pudesse desmistificar Cristo e o Cristianismo, mas acabou fazendo o inverso. No fim desse tempo, em 1880 ele escreveu e publicou a obra literária Ben Hur – Um conto sobre Cristo (Ben-Hur – A Tale of The Christ). Outro amigo de Wallace encontrou-o pouco depois num hotel em Indianápolis. O livro foi naturalmente o tópico da conversação.

O escritor e uma das primeiras edições americanas do romance.
Depois de contar a história acima referida, Wallace disse ao amigo: "Comecei a escrever um livro para provar que Jesus Cristo nunca existiu e quando me dei conta estava provando que Ele de fato existiu. Tal convicção tornou-se em mim certeza absoluta. Ao estudar seu caráter, não tive mais dúvidas ser ele o Filho de Deus, e assim abri totalmente o meu coração a Ele. O resultado do meu longo estudo foi a convicção absoluta de que Jesus de Nazaré não era apenas o Cristo, mas era também o meu Cristo, o meu Salvador, e meu Redentor. Uma vez estabelecido este fato em minha mente, escrevi, então "Ben Hur" ”.

O livro de Wallace em uma edição inglesa

O livro se tornou um estrondoso sucesso de vendas e logo foi traduzido para 23 idiomas (inclusive o Braile), perdendo em cópias somente para a Bíblia. Só nos Estados Unidos, Ben-Hur teve 150 edições. Wallace ainda escreveu o romance O Príncipe da Índia, em 1893, mas a obra não conseguiu atingir a mesma popularidade de Ben-Hur. O General Lewis Wallace faleceu a 15 de fevereiro de 1905, em Crawfordsville, Indiana, aos 77 anos de idade. 

III- O TEATRO E OS PRIMEIROS PASSOS PARA O CINEMA

William S. Hart (Messala) e William Farnum (Ben-Hur) numa
montagem teatral de 1899.
Divulgação da peça nos Estados Unidos.
Antes que o romance de Wallace fosse transportado para as telas pela primeira vez em 1907, Ben-Hur foi levado ao teatro. Em 1899, houve a primeira montagem teatral do livro, estrelada por um dos primeiros cowboys do cinema mudo, William S. Hart (1864-1946) no papel de Messala, e William Farnum (1876-1953) no papel-título. Farnum é o primeiro intérprete de Ben-Hur nas artes cênicas.

William S. Hart como Messala. O ator repetiu o papel
na primeira versão cinematográfica em 1907.
A peça de 1899
Entretanto, em dezembro de 1907, uma produtora pioneira de cinema chamada Kalem, nos EUA, em vista das versões pioneiras sobre a vida de Cristo, resolveu produzir a primeira versão cinematográfica de Ben-Hur. Fizeram um slogam propagandista, anunciando-o como “positivamente o mais belo espetáculo cinematográfico jamais feito na América, em 16 magnificentes cenas, com inter títulos lindamente ilustrados”.

A trama também foi levada para a Broadway.
Só que havia um problema: a Kalem não tinha direitos sobre o célebre romance do General Lewis Wallace. A família do escritor processou a empresa cinematográfica, bem como os editores da obra. Em 1911, a Kalem finalmente teve que pagar-lhes US$25.000 dólares fixados como indenização por apropriação indébita. Até que essa ação fosse ajuizada, desconheciam-se os que hoje chamamos de direitos autorais.

Herman Rottger: O Primeiro "Ben-Hur" das telas,
na primeira versão cinematográfica de 1907.
Divulgação do filme de 1907.
A primeira versão cinematográfica do romance de Wallace foi dirigido por Sidney Olcott (1873-1949), o mesmo cineasta que dirigiria em 1912 um dos primeiros clássicos cinematográficos sobre a Vida de Jesus, Da Manjedoura à Cruz (From the Manger to the Cross, 1912). William S. Hart repetiu no filme de Olcott o mesmo papel que fizera nos palcos, Messala. Já Herman Rottger (1881–1917) é o primeiro intérprete de Ben-Hur do cinema, e só atuou em mais quatro curtas metragens em 1914 antes de embarcar para lutar na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), acabando por perder a vida no front em 1917. Ben-Hur de 1907 é um curta de 15 minutos que focaliza mais as aventuras do nobre judeu, seu empenho de vingar-se do inimigo e vencer a corrida de quadrigas. Em nenhum momento é mencionado sobre Jesus e a redenção. A primeira versão do cinema pode ser encontrada na íntegra pelo canal Youtube da Internet.

Ramon Novarro, o "Ben-Hur" da versão de 1926
IV- BEN-HUR DE 1926
Poster de BEN-HUR (1926)
Em 1923, a Goldwyn Pictures adquiriu os direitos sobre o Best-Seller de Wallace, cuja transposição para os palcos da Broadway resultara em fenomenal sucesso. E comprou os direitos em condições proibitivas e nunca sequer ouvidas até então: 50% dos lucros líquidos do filme garantidos como royalties ao espólio de Lewis Wallace. Com o suporte de um orçamento exorbitante para a época, a empresa de cinema mandou para Roma, em 1924, uma equipe chefiada pelo diretor Charles Brabin, a roteirista supervisora June Mathis, e o astro George Walsh. Durante os primeiros três meses, gastou-se muito dinheiro e se fez pouca coisa. Foi então que estourou a notícia da fusão da Goldwyn Pictures com a Metro Pictures, e a produtora independente de Louis B. Mayer (1884-1957), nascendo daí a METRO-GOLDWYN-MAYER (MGM), e esta nova organização herdou BEN-HUR.

Ben-Hur (Ramon Novarro) e sua mãe (Claire McDowell)
Messala (Francis X. Bushman) e sua amante Iras (Carmel Myers)
Diante desta inquietante e perturbadora situação vivida em Roma, as primeiras providências levaram o próprio presidente da companhia, Marcus Loew (ex-dono da Metro Pictures) a embarcar para lá para se livrar da desastrosa catástrofe que se fazia por lá esperar, com substituições indispensáveis: O diretor Fred Niblo (1874-1948), roteiristas Wess Merdith e Casey Wilson, e o astro Ramon Novarro (galã dos anos 1920 e um dos rivais de Rodolfo Valentino, que substituiu George Walsh no papel).

A violenta corrida de quadrigas de 1926. Messala (Francis X. Bushman) e Ben-Hur (Ramon Novarro)
Mesmo assim, as coisas pouco mudaram em Roma, e logo surgindo os primeiros sinais de que a nova equipe se comportando tão em desastre como a anterior. Quase um ano havia se passado, e no início de 1925, passando por cima da autoridade de Marcus Loew, Louis B. Mayer e Irving Thalberg, jovem prodígio que teve uma breve vida (morreu aos 37 anos) e que fora “pescado” na Universal pelo esperto Mayer, este ordenou o imediato regresso de todo mundo para Culver City, local de domínio dos estúdios da MGM, onde Mayer e Thalberg poderiam acompanhar de perto o andamento da produção.E fizeram e trabalharam bem, com tanta eficiência e gastos tão liberais que Ben Hur versão de 1926 foi terminado nos últimos meses de 1925, e lançado em 24 de janeiro de 1926, emergindo como o maior sucesso internacional que a indústria de filmes jamais tinha conhecido. 

Ben-Hur (Ramon Novarro) e Messala (Francis x. Bushman)
Ben-Hur (Ramon Novarro) e sua amada Esther (May MacAvoy)
No elenco, foram integrados nomes de destaque como Francis X. Bushman (1883-1966, como Messala), May McAvoy (1899-1984, como Esther), Carmel Myers (1899-1980, como Iras a Cortesã, personagem original do romance de Wallace que fazia um triangulo amoroso com o herói e seu inimigo Messala, teor abortado na versão cinematográfica de 1959), Betty Bronson (1906-1971, numa impressionante personificação da Virgem Maria), Kathleen Key (1903-1954, como Tirzah), Nigel de Brulier (1877-1948, como Simonides), Mitchell Lewis (1880-1956, como o Xeique Ilderim), e tantos outros que levantaram o bom nome da superprodução. A direção da segunda unidade foi confiada a B. Reeves Eason (1886-1956), que foi diretor de pequenos faroestes e seriados mudos, sendo especialista em cavalgadas, para conduzir a indomável corrida de quadrigas principalmente.

Betty Bronson no papel da Virgem Maria.
Ben-Hur (Ramon Novarro) e Messala (Francis X. Bushman)- Rivalidade dentro e fora da arena.
Ben- Hur de 1926 é marcado pela presença de futuros astros das telas como extras, todos eles em início de carreira, que se consagrariam na transição do cinema mudo para o falado. Muitos deles sentados nas arquibancadas para assistir a fantástica e violenta corrida na arena ou mesmo como escravos, como Clark Gable, Mirna Loy, Joan Crawford, Janet Gaynor, Carole Lombard, Fay Wray, Bill Elliott, e Tom Tyler. Ate o cineasta Henry King participou do filme como um espectador da corrida, e Gary Cooper como soldado romano. Contudo, nenhum destes foi creditado. William Wyler, que dirigiria a versão absoluta do romance de Wallace em 1959, foi um dos assistentes de Fred Niblo na versão cinematográfica de 1926, ajudando na supervisão da famosa corrida de quadrigas.

Ramon Novarro e May MacAvoy - par romântico da
versão de 1926.
V- RAMON NOVARRO, O HERÓI DA VERSÃO DE 1926
Ben-Hur Vitorioso! Ramon Novarro
Ramon Novarro (1899-1968), o Ben-Hur da versão de 1926, nasceu a 6 de fevereiro de 1899, em Durango, México. Adolescente, mudou-se para Los Angeles, EUA, com sua família para fugir da revolução mexicana de 1916. Apesar de ter nascido no México, não era um mexicano nativo. Seus pais eram imigrantes espanhóis. Antes de se tornar um dos primeiros astros do cinema durante o período do cinema mudo, ele foi bailarino e professor de piano e canto. Media apenas 1m68cm, mas bonito e atlético, sendo bem quisto por suas fãs. Fez inúmeros trabalhos, e protagonizou a primeira versão de Scaramouche de 1923, sob a direção de Rex Ingram (1892–1950). A crescente popularidade de Ramon entre o sexo feminino resultou em ele ser anunciado como o "Novo Valentino". 

Messala (Francis X. Bushman) e Ben-Hur (Novarro) - Inimigos mortais.
Mais tarde estrelou com Norma Shearer em O Príncipe Estudante ( The Student Prince in Old Heidelberg) em 1927, direção de Ernst Lubitsch. Seu primeiro filme falado foi Sevilha dos meus amores (Call of the Flesh), em 1930, direção de Charles Brabin, onde cantou e dançou o tango. Ele continuou a aparecer em musicais, mas sua popularidade foi escorregando, devido talvez a sua condição de gay, algo inaceitável para o público da época glamorosa do cinema, que queria ver seus heróis viris e másculos, e isto se foi percebendo na vida do ator nos momentos que os executivos de cinema lhe queriam “empurrar” uma esposa, para abafar sua orientação sexual. Ele estrelou com Greta Garbo o sucesso Mata Hari  em 1931, mas sua carreira começou a declinar. Em junho de 1934, Novarro esteve no Brasil e se apresentou no Rio de Janeiro no palco do Cine Palácio cantando e dançando. 

Ramon Novarro na pré-estreia de BEN-HUR de 1959, junto à Charlton Heston e ao diretor William Wyler.
Em 1935 ele deixou a MGM e apareceu na Broadway em um show que rapidamente fracassou. Sua carreira mais tarde foi encontrar trabalho em filmes que consistia principalmente em breves aparições, inclusive na TV, onde fez participação em séries famosas como Combate, Chaparral, Bonanza, e James West. Em 30 de outubro de 1968, Ramon Novarro foi selvagemente espancado até a morte em Hollywood do Norte por dois jovens garotos de programa. Eles tinham ouvido – por engano - que tinha milhares de dólares trancados em algum lugar em sua casa. Eles nunca encontraram nenhum dinheiro, e Ramon foi encontrado morto no dia seguinte por seu mordomo.


Poster original do filme BEN-HUR versão de 1926 com Ramon Novarro

VI- BEN-HUR DE 1926 NAS SALAS DE CINEMA NO RIO DE JANEIRO

Em 1926, A MGM não tinha escritórios próprios no Brasil, e seus filmes eram aqui distribuídos pela Paramount, então instalada na Rua Evaristo da Veiga, 132, centro do Rio de Janeiro, onde hoje fica o quartel da Polícia Militar, cujas  instalações foram ampliadas. As cópias de Ben-Hur destinadas ao Brasil - que na época não tinham laboratórios nacionais para copiagem- estavam nas docas de Nova York, já despachadas, aguardando embarque de navio cargueiro. Às vésperas da partida do navio, a recém-formada companhia decidiu instalar-se em nosso país e conseguiu cancelar os despachos consignados à Paramount, passando-os para seu próprio nome.

Divulgação do filme de um jornal de São Paulo
Com representante já nomeado e vindo dos Estados Unidos, Mr. Louis Brock, a legalização da firma em andamento e uns poucos funcionários trabalhando a título precário, chegaram ao porto do Rio de Janeiro a cópia do grandioso épico tão esperado. Esgotadas as reservas financeiras de Brock e a urgente necessidade de mais dinheiro para pagar empregados, aluguel de escritório e para fazer face às despesas finais com a regularização da firma para funcionamento no país, o que faz Mr. Brock? Simples: ele vai a um banco, obtém um empréstimo especial, deixando com o banco como garantia do empréstimo, as cópias de Ben-Hur.

Panfleto de divulgação de um cinema do Norte do Brasil
Com o passar dos dias, tudo ficou OK, as cópias voltaram para o escritório e o público carioca, maravilhado, pôde assistir ao grande espetáculo no extinto Cine Rialto, instalado na Antiga Rua Chile, depois Melvin Jones, e hoje é Rua da Ajuda, vizinho ao local onde agora funciona o Teatro Glauce Rocha, em um badalado lançamento feito a 10 de outubro de 1927. A 6 de dezembro de 1931, foi lançada nos nossos cinemas uma versão sonora e sincronizada – músicas de fundo e efeitos sonoros apenas – e assistida por muitos cariocas no cinema Odeon, na Cinelândia, durante a Semana Santa de 1933.

VII- ADAPTAÇÃO BRASILEIRA DE BEN-HUR NOS PALCOS CARIOCAS

Em março de 1933, o Teatro João Caetano, localizado na lendária Praça Tiradentes, Centro do Rio de Janeiro, iniciou os ensaios para uma adaptação teatral e orquestral do romance de Lewis Wallace com roteiro do escritor Eduardo Victorino. Segundo a crítica da época, a peça constituiu um dos mais lindos e atraentes espetáculos inspiradas na tradição cristã. 

Vicente Celestino
No seu enredo, segundo a publicidade da época, a peça foi um choque constante de sentimentos, em que o espírito cristão predominava integralmente ao longo de seus 21 quadros, toda ela de forma orquestral, onde sua partitura sobressaiu vários motivos como interpretação de alegria, tristeza, e clamor popular. Nos principais papéis, celebridades como o lendário Vicente Celestino (1894-1968), Laís Areda, Amélia Figueroa, Octávio Rangel, e demais componentes da Companhia Brasileira de Operetas, prestaram grande concurso para a atuação, colaborando para uma representação digna no Teatro João Caetano, sendo ovacionada com grandes aplausos pelo público carioca. 

Charlton Heston, o herói da versão cinematográfica de 1959

VIII- BEN-HUR: A VERSÃO CLÁSSICA E ABSOLUTA DE 1959

Stephen Boyd e Charlton Heston duelam na imortal corrida de quadrigas na versão de 1959. Fantásticas emoções!!!

Certamente, há filmes que entram para a História, e a versão de 1959 de Ben-Hur é um exemplo disso. E isso por vários motivos: foi a obra que pela primeira vez conquistou o maior número de prêmios da Academia de Cinema, 11 (onze) Oscars, tornando-se insuperável até empatar com Titanic em 1998. Segundo, porque a fita salvou seu estúdio, a Metro Goldwyn Mayer, de uma bancarrota financeira, que após a morte de Louis B. Mayer passou por uma fase desastrosa de transição.

Capa de uma revista lançada durante o lançamento do filme no Brasil, em 1960 - Pela Rio Gráfica e Editora.
O projeto para esta nova versão parecia um investimento arriscado. O Produtor Sam Zimbalist (1904-1958) havia realizado sete anos antes outro épico monumental, Quo Vadis, em 1951. Zimbalist juntamente com outros executivos, pensou em realizar um espetáculo grandioso aos moldes de Quo Vadis, mas para isso, tiveram a ideia de resgatar um dos grandes sucessos do estúdio, realizado na fase silent do cinema, Ben-Hur de 1926, dirigido por Fred Niblo e estrelado por Ramon Novarro. Com a mais moderna tecnologia de então, a obra literária de Lewis Wallace estava prestes a ganhar uma nova versão para o cinema. 

As filmagens.

Realizada entre 1958/1959, nos estúdios de Cinecittá, em Roma (onde também foi rodado Quo Vadis) e dirigida pelo veterano cineasta William Wyler (1902-1981), a um custo de US$ 12.500.000 dólares (hoje, custaria pelo menos US$450.000.000), a terceira versão de Ben-Hur acabou resultando em um dos maiores filmes de todos os tempos. À época do lançamento, as rendas de bilheteria tornaram-se tão volumosas que Ben-Hur colocou-se em terceiro lugar entre os filmes de maiores rendas na história, ficando atrás apenas de E O Vento Levou (1939), e O Nascimento de uma Nação (1915) e acabou salvando a Metro da falência que a rondava.

O diretor William Wyler fotografando Stephen Boyd e Charlton Heston em uma das cenas.
Messala (Stephen Boyd) e Judah Ben-Hur (Charlton Heston) - Uma amizade abalada.
Para o papel de Judah Ben-Hur, a primeira escolha foi Burt Lancaster, mas este por ser um ateu declarou que não queria ajudar a promover o Cristianismo. Depois ofereceram a Paul Newman, mas devido ao fracasso de seu primeiro filme, também um épico religioso, O Cálice Sagrado (1954), decidiu não se arriscar. Marlon Brando também foi cogitado para o papel e também recusou, e depois, Rock Hudson, que estava decidido aceitar, com Charlton Heston no papel de Messala. Mas Rock teve problemas com o contrato de seu estúdio (Universal) e teve que recuar do convite.

Charlton Heston em teste para o papel.
Charlton Heston em ensaio com o diretor William Wyler.
Finalmente, o papel-título vai para Charlton Heston (1923-2008), de 35 anos. Heston que estava no cinema desde 1950, foi altamente recomendado pelo diretor Cecil B. DeMille (1881-1959) para William Wyler e Sam Zimbalist, já que dirigiu o astro em O Maior Espetáculo da Terra (1951) e Os Dez Mandamentos (1956). Heston acreditava que esse apoio de DeMille tinha pouco a ver com a decisão final de Wyler, mas reza a lenda que este resolveu testa-lo. Wyler deu a Heston um papel meio de vilão no seu Super-Western Da Terra Nascem os Homens, em 1958, onde é o antagonista do mocinho Gregory Peck.

Teste de Figurino de Charlton Heston para a Corrida de Quadrigas.
Charlton Heston, Stephen Boyd, e William Wyler.
Heston que estava cotado para ser Messala, acabou arrebatando o papel principal. Para a parte de um dos mais desprezíveis vilões do cinema épico, o tribuno romano Messala, o maior indicado foi Robert Ryan, mas este estava sob contrato com a United Artists para mais dois trabalhos e não pôde aceitar. Assim, o irlandês Stephen Boyd (1931-1977) acabou escolhido para ser o antagonista de Heston nesta superprodução.

Trabalho árduo de toda a equipe para montar a arena
para a sensacional corrida de quadrigas. 
Segundo o saudoso jornalista brasileiro João Lepiane, que escreveu um artigo sobre BEN-HUR na extinta revista CINEMIN, Nº 77, junho de 1992- As estatísticas resultantes da produção são exorbitantemente fantásticas: veem-se no filme mais de três mil cenários diferentes, para cuja construção mais de 15.000 esboços foram elaborados e inutilizados, na maior parte, por desnecessidade de aproveitamento. Ao todo, os cenários ocuparam um espaço completo de 5999 quilômetros quadrados.A pista onde se filmou a corrida de quadrigas ocupou 73 quilômetros quadrados daquela área, tornando-se um dos maiores cenários da história dos filmes. Para construção da pista, usaram-se 312 mil metros de madeira, 400 mil metros de tubos metálicos e 453.600 quilos de argamassas. Trouxeram das vizinhas praias do Mediterrâneo 40.000 toneladas de areia. As arquibancadas alcançaram uma altura de cinco andares, cada polegada revestida com material especial, à prova de fogo, e lotada por 8.000 extras durante a corrida.

Charlton Heston no comando da versão cinematográfica de 1959.
Teste de figurinos com os atores centrais.
Importaram 78 cavalos da Iugoslávia. E dos nove meses de filmagem da superprodução de 1959, três foram dedicados apenas a filmagem de uma sequência que não duraria mais de 20 minutos nas telas, que foi a da corrida de quadrigas. A construção de acurada reprodução do antigo circo, em Jerusalém, manteve 1000 trabalhadores ocupados por um ano inteiro. Os objetos de cena usados passaram de 1.000.000- incluindo: 3.400 pares de calçados, 2.000 cintos de couro, 4.000 lanças, 3.000 espadas, 2.600 escudos, 5.500 peças de joalheria, 47.914 metros de tecidos, 15.000 pares de sandálias e 18.188 metros de panos finos e tapetes.

Fraser, o filho de Charlton Heston, cumprimenta Jack Hawkins.
William Wyler e o set recebem uma visita ilustre: Kirk Douglas.
Os estúdios de Cinecittá, onde o filme foi inteiramente feito (embora teve locações também no Egito e em Anzio), eram dignos de serem vistos. Mais de 25.000 turistas ali estiveram durante a produção de Ben-Hur. Meses antes da chegada dos atores, técnicos e equipamentos, os estúdios foram devidamente adaptados às necessidades do filme. Cinecittá fora construído em 1935 pelo nefasto governo fascista de Mussolini (que chegou a assistir com desprezo a versão cinematográfica de 1926 e não gostou de ver a vitória de um judeu sobre um um romano na corrida de quadrigas)- e durante a II Guerra foi usada como fábrica de armamentos e acampamento para soldados alemães, e no Pós-Guerra, como acomodação para 30.000 pessoas desabrigadas pela guerra.

Bette Davis também visitou o set e já puxou conversa com
Charlton Heston, Stephen Boyd, e William Wyler.
Para Ben-Hur converteu-se em um dos maiores palcos de som do estúdio em armazém para estocar vestuários. Transformou-se em outro em instalações para lavagem a seco, lavanderia e oficina de consertos e calçados. Também se montou um ateliê onde escultores criaram as 200 peças de estatuárias necessárias para os cenários do filme. Assim como em Quo Vadis, Ben-Hur foi realizado ao longo de dois anos neste famoso estúdio italiano.

Uma das câmeras 65 posicionadas do alto das cabeças
de Haya Harareet e Charlton Heston.
Charlton Heston e Stephen Boyd: inimigos na tela, fizeram
amizade na vida real. 
Até mesmo as câmeras para uso no filme foram exclusivas. Ben-Hur foi filmado em Câmera 65, então uma novidade absoluta em filmes para tela grande. Como o nome indica, a película tinha 65 mm de largo- quando a bitola normal era de 35mm- e possibilitava maior luminosidade de imagem. O custo de cada Câmera 65 era de 100.000 dólares. Os números foram impressionantes, mas valeu a pena. Charlton Heston encontrou em Stephen Boyd um esplêndido rival.

O Conflito entre Messala (Stephen Boyd) e Judah (Charlton Heston).
Nas galés, Ben-Hur (Heston) é protegido pelo cônsul Quintus Arrius (Jack Hawkins).
Finlay Currie é Balthazar de Alexandria, um dos Três Reis Magos.
Hugh Griffith é o Xeique Ilderim. O ator ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel.
Jack Hawkins (1910-1972) como Quintus Arrius; Hugh Griffith (1912-1980) como o Xeique Ilderim; Martha Scott (1912-2003) como Miriam, a mãe de Ben-Hur (no livro de Wallace, ela não tem nome e sempre é identificada como a mãe de Ben-Hur); Cathy O’ Donnell (1923-1970), cunhada do diretor William Wyler, desempenhando Tirzah, irmã do herói; a Israelense Haya Hararret (1931-2021) no papel de Ester, interesse amoroso de Judah; o irlandês Finlay Currie (1877-1968) no papel de Balthazar (e havia feito São Pedro em Quo Vadis, em 1951). Currie também destaca-se na narração e apresentação inicial do filme.

Haya Harareet é Esther, a amada de Ben-Hur.
Cathy O' Donnell é Tirzha, irmã de Ben-Hur. Martha Scott é
Miriam, a mãe do herói. 
Sam Jaffe (1897-1984) como Simonides, pai de Esther; o inglês George Relph (1888-1960) como o imperador Tibério; e o australiano Frank Thring (1926-1994) como Pôncio Pilatos. Entre os extras, o eterno cowboy a italiana, o saudoso Giuliano Gemma (1938-2013) se encontra em duas sequencias como um soldado romano. 

Sam Jaffe é Simonides, pai de Esther.
George Helph é o Imperador Tibério.
Frank Thring é Pôncio Pilatos.
Para atuar como diretor de segunda unidade, William Wyler contou com a experiência e classe incomparável de Yakima Canutt (1895-1986), que com ele trabalhou em seis filmes anteriores. As cenas da dramática corrida de quadrigas foram entregues a sua total responsabilidade, já que Wyler exigiu por contrato não dirigi-la. Isso porque na versão de 1926, o cineasta foi um dos 30 assistentes que ajudou Fred Niblo na direção da sequencia. Assim justificou William Wyler sobre a cena: “Sei como ela é estafante”.

A imortal corrida de 1959.
Yakima Canutt começou por ensinar a Heston e a Boyd como conduzir as quadrigas, para que eles pudessem dar às cenas um perfeito toque de realismo como os ferozes disputantes e torná-las as mais reais e espetaculares possíveis. E o resultado foi o que se viu, e impressiona até hoje. Tudo certo e de uma realidade inigualavelmente impressionante, sem que ninguém se ferisse gravemente, e sem nenhum cavalo quebrasse uma perna ou se machucasse.

IX- SAM ZIMBALIST

Sam Zimbalist conversa com Robert Taylor durante as filmagens de QUO VADIS, em 1950.
A produção de Ben-Hur de 1959 foi encarregada por Sam Zimbalist (1904-1958) que produzira em 1951 e no mesmo estúdio italiano em Cinecittá o colossal Quo Vadis, a um custo de US$7.000.000 dólares. Zimbalist teve sérios problemas e enfrentou dificuldades para levar a produção de Ben-Hur até o fim. Entretanto, todos estes obstáculos seriam considerados mínimos diante das preocupações e do grande trabalho resultante do acúmulo de responsabilidades que Sam Zimbalist teve na produção que o acabaram levando à exaustão, precipitando-lhe o fim.

Sam Zimbalist, de camisa branca segurando um folheto na mão esquerda, com William Wyler, Charlton Heston, Stephen Boyd, Haya Harareet ,e o então presidente da MGM, Joseph Vogel.
Zimbalist, que estava dando ao filme tudo de si, acabou dando também a vida. Morreu a 4 de novembro de 1958, vitimado por um súbito ataque cardíaco, quando os trabalhos de filmagem estavam prestes a terminar, não chegando a ver a conclusão de sua segunda incursão à Roma Antiga, e muito menos em ver as láureas que sua superprodução haveria de conseguir graças aos seus inúmeros esforços com o apoio de todo o elenco e de toda sua equipe de produção.

X- ROTEIRISTAS

William Wyler e Charlton Heston, com os roteiristas não creditados Christopher Fly (de gravata) e Gore Vidal.
A adaptação de Ben-Hur de 1959 cobre 212 minutos de projeção, mas para isso, se cercou de vários roteiristas, mas somente Karl Tunberg (1909-1992) foi creditado oficialmente. Outras mentes que colaboraram para o roteiro adaptado foram o poeta Christopher Fly (1907-2005), o escritor ateu Gore Vidal (1925-2012), o co-roteirista de Quo Vadis (1951) S.N. Behrman (1893–1973), e o teatrólogo Maxwell Anderson (1888-1959). 

O brinde entre Messala e Ben-Hur, introduzido pela concepção do escritor Gore Vidal.
Uma das sequencias mais polêmicas da versão de Wyler seja o reencontro de Ben-Hur e seu amigo Messala depois de muitos anos sem verem um ao outro, quando o tribuno romano volta com suas guarnições a Jerusalém. Gore Vidal, um dos roteiristas e homossexual assumido, deliberadamente injetou um subtexto gay para esta cena. Com a permissão de William Wyler, Vidal criou uma atmosfera gay entre o herói e o vilão, como se desse de entender que os dois tivessem sido amantes no passado. Vidal deu uma pista da sugestão para Stephen Boyd, contudo não falou nada para Charlton Heston. O resultado foi certo brilho nos olhos de Boyd durante a cena onde os dois velhos amigos dão o braço um ao outro para erguer um brinde mútuo, e certa inflexão em suas palavras de devoção. 

Charlton Heston, melhor ator de 1959 por sua atuação em
BEN-HUR (1959)
XI- A NOITE DE PREMIAÇÕES

Os vencedores Charlton Heston e o diretor William Wyler com seus respectivos Oscars, sob os olhares felizes dos anfitriões John Wayne e Susan Hayward.
A Pré-Estreia de Ben-Hur com Charlton Heston ocorreu a 18 de novembro de 1959, e posteriormente a 24 de novembro de 1959, em Los Angeles, Califórnia. A crítica reagiu de maneira extremamente favorável ao filme e a Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Los Angeles lhe deu a merecida consagração, premiando-o como o melhor em 11 das 12 categorias para as quais foi indicado (perdendo apenas para melhor roteiro adaptado): Melhor filme, Melhor ator (Charlton Heston), Melhor ator coadjuvante (Hugh Griffith, 1912-1980), Melhor diretor (William Wyler, 1902-1981), Melhor Fotografia em cores (Robert Surtess, 1906-1985), Melhor Direção Artística (William A. Horning, Edward Carfagno, Hugh Hunt), Melhor Figurino (Elizabeth Haffender, 1906-1976), Melhor Som (Franklin Milton, 1907-1985), Melhor Montagem (Ralph E Winters, John D. Dunning), Melhores efeitos (sonoros e visuais: Arnold Gilespie, Robert MacDonald, Miro Lory), e Melhor Música (Miklos Rozsa, 1907-1995). 

Na Pré-Estreia, Haya Harareet posa para uma fotografia com
o Astro Charlton Heston.
Haya Harareet entre os dois intérpretes de BEN-HUR:
Charlton Heston e Ramon Novarro (da versão de 1926).
Duas gerações de intérpretes de "Ben-Hur", na Pré-Estreia em 1959: Charlton Heston cumprimenta Ramon Novarro, o Ben-Hur de 1926, ainda na fase silenciosa do cinema. 

XII- WILLIAM WYLER, O DIRETOR

William Wyler - Um dos grandes artesãos do cinema.
Wyler dando instruções a Charlton Heston, onde ao fundo
podemos ver Martha Scott e Cathy O' Donnell.
O embaixador americano na Italia visitou o set, onde conversa com Wyler, Heston, e Cathy O' Donnell.
Poucos acreditavam que William Wyler seria o nome mais indicado para levantar e controlar um projeto tão faraônico e ainda salvasse um estúdio como a Metro que parecia estar com os seus dias contados. Sua carreira confirmava seu talento em obras íntimas e diferentes, nas quais dirigiu talentos como Bette Davis, Olivia de Havilland, Montgomery Clift, ou Laurence Olivier. O cineasta declarou em uma entrevista pouco antes de sua morte, em 1981:

Me pediram para que me encarregasse do filme. Não era o estilo cinematográfico que vinha fazendo, mas senti curiosidade para ver se era capaz de fazer algo ao estilo de Cecil B. DeMille", disse Wyler, em alusão a filmes como Os Dez Mandamentos (1956)."Além disso, pensei que este filme faria muito dinheiro e que eu poderia ficar com algo", acrescentou o diretor, que cobrou US$ 1 milhão de dólares para dirigir o filme.

Wyler dirigindo a cena da Paixão de Cristo.
William Wyler "paparicado" pelo elenco, onde podemos ver
Haya Harareet, Charlton Heston, Sam Jaffe, e Cathy O' Donnell.
Enquanto o produtor Sam Zimbalist cumprimenta Heston e Boyd, Wyler posa para um sorriso.
Além de ganhar o Oscar pela direção, Wyler ainda recebeu o prêmio da Associação de Diretores Americanos, ainda que não fosse responsável pela maior sequencia da obra, a Corrida de Quadrigas, anunciado pela Metro como o Clímax da História do Cinema. De qualquer forma, a superprodução de 1959 entrou numa lista entre os melhores 45 filmes de acordo com o Vaticano na categoria de religião, realizada durante as comemorações do Centenário de Nascimento do Cinema em 1995, juntamente ao lado de obras culturais como O Evangelho Segundo São Mateus (1964), de Pier Paolo Pasolini, Nazarin (1959), de Luis Buñuel, e A Paixão de Joana D’Arc (1928), de Carl Dreyer. No Brasil, estreou nas grandes salas a 27 de janeiro de 1960.

Charlton Heston e Stephen Boyd em momento de descontração com o cineasta William Wyler.
Quando lançado nas salas de cinema por todo o Brasil, em janeiro de 1960, mal se podiam reservar ingressos tamanha era a procura. 
Um dos momentos mágicos, quando os jornais cariocas divulgavam o lançamento da obra nas três salas dos cinemas Metro, e em outras salas, hoje inexistentes. 

FIM DA PRIMEIRA PARTE 


Este artigo é dedicado a memória de minha mãe: 

Neuza Telles Pereira, fã dedicadadesta obra prima da Sétima Arte.


BEN-HUR: A VERSÃO DEFINITIVA, INSUPERÁVEL E INESGOTÁVEL

LEIA AGORA A 

SEGUNDA PARTE EM:

https://cineretroboavista.blogspot.com/2023/03/ben-hur-1959-versao-definitiva_9.html



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