sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Agonia e Êxtase (1965): Obra Prima do Cinema Sobre o Mestre da Renascença

 


Por Adilson Carvalho & Paulo Telles 

(Site CINEMA COM POESIA)

https://cinemacompoesia.wordpress.com/

Em 11 de Novembro de 2023 completarão 511 anos da abertura ao público da Capela Sistina com os afrescos pintados pelo mestre renascentista Michelangelo (1475- 1564). Para o devido registro, um afresco é uma pintura feita sobre uma superfície com base de argamassa ou gesso. A obra foi encomendada pelo Papa Julius II (1443-1513) ao artista que estava relutante em aceitar o serviço que veio a entrar pela história como uma das grandes obras primas artísticas, um legado da humanidade. Michelangelo não se enxergava como um pintor, e sim como escultor. A encomenda, no entanto, era um desafio além de ser bem paga pela igreja.

Charlton Heston e Rex Harrison

A relação entre o artista e o Papa era muito conflituosa. Na época a figura do Papa era muito mais austera, com poder político incontestável, o qual Julius II (Rex Harrisson, 1908-1990) usa para pressionar Michelangelo (Charlton Heston, 1923-2018) a concluir a encomenda, de representar no teto da Capela os episódios do livro do Gênesis. Esta foi construída bem antes, seguindo o estilo arquitetônico do Templo de Salomão, e batizada em homenagem ao Papa Sisto IV, que era tio de Julius II. O escritor Irving Stone (1903-1989) passou meses em Roma para pesquisar tudo a respeito e teve acesso a cartas escritas pelo próprio Michelangelo. Com esse material, o autor escreveu o livro “Agonia & Êxtase”, publicado em 1959, e seguido à risca pelo roteirista Philip Dunne (1908-1992) que o adaptou para o cinema em 1965, com direção de Carol Reed (1906-1976).

Charlton Heston, magnífico como Michelangelo


O filme realizado pela Twentieth Century Fox teve o orçamento em torno de US$ 10.000.000. A princípio, Spencer Tracy (O Médico & O Monstro, O Velho & o Mar) seria o Papa, papel que ficou com Rex Harrisson. Este se recusou a deixar crescer a barba como o verdadeiro Julius II. Já Charlton Heston (Ben Hur) usou maquiagem para fazer seu nariz ficar mais parecido com seu personagem. Curiosamente, Heston e Harrisson tiveram um convívio nada amistoso durante as filmagens, o que seu diretor gostou de forma a reforçar a rivalidade entre os personagens. A capela foi recriada em estúdio (Dinocitta em Roma) e teve uma cenografia e fotografia belíssimas. O filme é vigoroso graças a essa hostilização entre Heston e Harrisson, dois grandes atores que se entregam a seus personagens. Apesar de ser um ótimo filme, este foi mal nas bilheterias arrecadando nas bilheterias americanas apenas US$ 4,000.000. Ainda assim recebeu indicação a cinco Oscars (melhor figurino, melhor direção de arte, melhor som, melhor fotografia e melhor trilha sonora, a cargo de Alex North). Também foi indicado a dois Globos de Ouro. Eu, Adilson Carvalho, assisti ao filme na Globo há muito tempo e adoraria ter a oportunidade de revê-lo, um exemplar de uma Hollywood que deixou marcas históricas.



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