Divulgação |
Charlton Heston (1923-2008) mais uma vez é o representante
final da espécie humana. Como fora em O
Planeta dos Macacos (1968) e depois em No
Mundo de 2020 (1973), Heston no papel do cientista militar - Dr. Robert
Neville – acredita ser o único sobrevivente de uma guerra bacteriológica entre
a União Soviética e a China em 1975. Encontramos o Dr. Neville em 1977 numa Los
Angeles deserta, vivendo em seu apartamento de cobertura, cercado de luxo e de
um verdadeiro arsenal. As armas tem função de desafiar os mutantes que
sobreviveram à fúria nuclear e agem como vampiros, que sofrem de fotofobia e
saem pela escuridão da noite para queimar tudo que restou da cultura humana e
fazer guerra contra a herança tecnológica representada pela presença de
Neville. Todas as noites, os mutantes
reaparecem para queimar livros, destruir pinacotecas e vestígios de progresso,
numa verdadeira orgia de encenação medieval contra tudo que significou o apogeu
da ciência e do progresso.
Edição especial e americana do livro I Am Legend, de Richard Matheson, com base na produção A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA (1971) |
O escritor Richard Matheson. |
Assim é o enredo de A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA (The Omega
Man), realizado em 1971 pelo diretor Boris Sagal (1923-1981), cujo argumento
foi adaptado da novela I Am Legend (Eu sou a Lenda), de Richard Matheson
(1926-2013), com a qual esse celebrado escritor de ficção científica conquistou
a medalha de ouro de literatura nos Estados Unidos em 1954. Em realidade, THE OMEGA MAN é remake do
livro de Matheson, pois a mesma trama havia sido levada ao cinema em 1963 por
Sidney Salkow, com o título de Mortos que
Matam (The Last Man on Earth),
com Vincent Price. E mais tarde, em 2007, refilmado como Eu Sou a Lenda (I am Legend),
de Francis Lawrence, com Will Smith.
Charlton Heston como o Dr. Robert Neville, o único sobrevivente de um ataque bacteriológico que dizimou a Terra... |
... sozinho em uma Los Angeles deserta... |
Os
mutantes/vampiros (conhecidos como “A Família”) desaparecem nas horas do dia,
enquanto Neville busca seus meios de subsistência nas lojas semidestruídas de
alimentos, nas farmácias e nas butiques de elegância masculina, isto é, o
cientista tem tudo a sua disposição quando bem quer, desde as lojas, os hotéis,
e até mesmo as salas de cinema, onde ele mesmo próprio projeta os filmes que
assiste. São nessas ocasiões em que ele procura descobrir o esconderijo do
líder dos mutantes, Matthias (Anthony Zerbe), cujos seguidores reaparecem à
noite para tentar atacar Neville e tudo que sobrou da ciência. Para Matthias,
todo progresso foi responsável pela ruína da Terra e o único representante
ainda vivo da ciência (no caso, Neville) precisa ser exterminado. O cientista tem tudo registrado em seu
gravador portátil e anota em seu diário todos os movimentos dos mutantes. Na descrição desta atmosfera, A Última Esperança da Terra se aproxima
dos clássicos Os Últimos Cinco (1951,
de Arch Oboler) e O Diabo, a Carne e o Mundo (1959, de Ranald
MacDougall), que estampavam a solidão dos remanescentes da raça humana.
Neville em luta constante contra os mutantes. |
Matthias (Antony Zerbe), o líder dos mutantes/vampiros (a "Família"). Ao seu lado, Zachary (Lincoln Kilpatrick), seu segundo em comando. |
Entretanto, a narrativa logo se perde nos labirintos das
aventuras mais padronizadas do gênero Sci-Fi, quando Neville acaba por
descobrir outros sobreviventes humanos como ele. São o caso de Lisa (Rosalind
Cash, 1938-1995) e Dutch (Paul Koslo, 1944-2019), que se mantinham as
escondidas sem o conhecimento de Neville. Uma noite, o cientista é capturado
pelos mutantes, e Lisa e Dutch salvam sua vida. Em contribuição, Neville cuida
do irmão caçula de Lisa, Richie (Eric Laneuville), afetado pela bactéria e com
risco de virar um dos mutantes. O médico e cientista explica a Lisa que pode
salvar a vida do irmão, já que ele conserva uma vacina. Sendo imune, seu
próprio sangue pode servir de soro para evitar a propagação da bactéria. Breve,
Lisa, que é negra, tem um romance com Neville, numa óbvia mensagem
antirracista.
O tribunal dos mutantes, também conhecido como "A Família". |
Solitário, não resta a Neville "conversar" e "jogar xadrez" com um busto... |
...até conhecer Lisa (Rosalind Cash) uma forte aliada de Neville contra os mutantes. |
Paul Koslo é Dutch, um dos sobreviventes e aliados de Neville |
Neville e Lisa enfrentarão os terrores do fim do mundo... |
O diretor Boris Sagal |
Talvez
tenha interessado ao diretor mais a aventura do que a reflexão, enquanto que no livro de Matheson a aventura serve como ponto de partida para reflexão e é esta que dá sentido a aventura, que não deixa de ser eletrizante. O resultado é um filme com
elementos atrativos, mas não muito convincente, apesar dos esforços do diretor
e dos cuidados da produção. Charlton Heston, desempenhando mais uma vez o herói
que se sacrifica pela humanidade, está ótimo como o Dr. Robert Neville, o Omega Man. A talentosa atriz Rosalind
Cash perfeita como Lisa, mas quem mesmo rouba as cenas é o fantástico Anthony
Zerbe como Matthias, o fanático mutante convencido de sua missão carismática.
Sem dúvida, A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA é um verdadeiro clássico da década de
1970.
Divulgação do filme no Brasil |
País
– Estados Unidos
Ano
de Produção – 1971
Gênero
– Ficção Científica
Produção
- Walter Seltzer, para a Warner Bros (em distribuição)
Roteiro
- John William Corrington e Joyce Hooper Corrington, com base no livro I Am Legend, de Richard Matheson.
Música
– Ron Grainer
Fotografia
- Russell Metty (em cores)
Metragem
– 98 minutos
POSTER |
Charlton Heston – Dr. Robert Neville
Rosalind Cash – Lisa
Anthony Zerbe – Matthias
Paul Koslo – Dutch
Eric Laneuville – Richie
Lincoln
Kilpatrick – Zachary
Jill
Giraldi – Pequena menina
Brian Tochi – Tommy
DeVeren Bookwalter – mutante
John Dierkes – mutante
Monika Henreid – mutante
Linda Redfearn – mutante
Forrest Wood – mutante
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