Tudo já foi dito sobre John Ford (1895-1973), um dos diretores mais versáteis da história da Sétima Arte. Um cineasta legítimo que colecionou grande admiração do público e influenciou outros diretores. Suas realizações apresentaram extraordinária dinâmica cinematográfica, possuindo sensibilidade contagiante e comovedora autenticidade humana. Ford conseguiu unir “gregos e troianos”, isto é, conseguiu atrair públicos diversificados, pois vários personagens de suas obras não devem ser entendidos a luz de inteligência ou razão, mas simplesmente entendidos através do coração. E é sobre um de seus grandes trabalhos que vem a direcionar para a emoção que reproduz de maneira intimista os bastidores da política (e hoje, diga-se de passagem, uma das obras poucas citadas de Ford): O ÚLTIMO HURRAH (The Last Hurrah), filme realizado em 1958.
O Cineasta John Ford |
John Ford produz e dirige O ÚLTIMO HURRAH (1958) |
O Último Hurrah pertence a categoria de realizações
mais afeiçoadas e pessoais do diretor Ford e com os quais o cineasta presta homenagem a
pessoas ou grupos humanos que consegue algum tipo de destaque. Estas obras são
ditadas pelo coração, por isso mesmo possuindo deficiências comuns nas obras
mais puras do cineasta (O Sol Brilha Na
Imensidade, O Delator, Depois do Vendaval, entre diversas),
talvez por culpa de uma dose maior de sentimentalismo. Em O Último Hurrah ele homenageia seus patrícios irlandeses que
conseguiram subir do nada até influir e comandar a vida pública da Nova
Inglaterra, onde passa-se toda narrativa.
O jornalista e escritor Edwin O' Connor, que escreveu o romance O ÚLTIMO HURRAH, publicado em 1956. |
Spencer Tracy é Frank Skeffington, prefeito de um território da Nova Inglaterra que tenta mais uma reeleição... |
... acompanhado por velhos amigos e fiéis partidários. |
DIVULGAÇÃO |
Mesmo com todo apoio de partidários, Skeffington conta com ajuda de Adam Caulfied (Jeffrey Hunter), jornalista que trabalha para o jornal de... |
Adam é casado com Maeve (Dianne Foster), também apoiadora de Skeffington. |
Skeffington enfrentando seus opositores. |
Os inimigos políticos de Frank Skeffington não param por ai.
Seu sobrinho Adam é casado com Maeve (Dianne Foster, 1928-2019), filha de Roger
Sugrue (Willis Bouchey, 1907-1977) que também detesta Skeffignton e começa a
ter diversos atritos com o genro, contudo sem abalar a relação de seu
casamento, já que Mave também simpatiza com os ideais de Frank. Entretanto, Skeffington é o
tipo de político que realmente preocupa-se com seus eleitores, mesmo que seus
métodos sejam um tanto ilícitos. Muitas vezes ajuda-os pessoalmente (como na
cena de um enterro, em que uma de suas eleitoras não tinha dinheiro para
enterrar seu marido, e Frank pressiona o dono da funerária, ligado ao Partido
Republicano, a fazer o enterro de graça). Mas há alguns problemas com a regra
de Skeffington. Primeiro de tudo, ele muitas vezes muda vários negócios,
obrigando mesmo aqueles que trabalham para ele a ter salários reduzidos para
ajudar os eleitores. Skeffington e seus aliados, muitas vezes, transformam os
funerais em reuniões políticas. Skeffington não é nenhum santo, mas em nome de
seus ideais vale quase tudo, até mesmo mexer com os alicerces da Igreja
Católica. Mesmo sendo um católico devotado, entra em atrito com a ideologia da
Igreja, muito embora o Arcebispo da cidade, Cardeal Burke Martin (Donald Crisp,
1882-1974) simpatize com Frank. Na vida familiar, Skeffignton tem problemas
de relacionamento com o filho único, Júnior (Arthur Walsh, 1923-1995), um jovem
imaturo e irresponsável que só pensa em mulheres e badalações, ignorando por
completo as idealizações do pai.
Para angariar simpatias e votos, Skeffignton apela para atos de "caridade", como ao ajudar uma viúva (Anna Lee) que não tem dinheiro para enterrar seu marido... |
... mas Frank apela para a "boa vontade cristã" do agente funerário para que faça o enterro de graça. |
Frank Skeffignton candidato para mais uma reeleição na prefeitura da Nova Inglaterra, em um de seus comícios. |
OS VETERANOS Spencer Tracy e Pat O' Brien, amigos também na vida real. |
Adam (Jeffrey Hunter) e Sam Weinberg (Ricardo Cortez) acompanham a apuração da eleição... |
...culminando com a derrota de Skeffingnton, que não perde o bom humor e anuncia sua próxima candidatura. |
O passeio solitário de Skeffington após a derrota, tendo como fundo a passeata do candidato vitorioso, e... |
...o gesto silente de Skeffington ao se dirigir ao retrato da esposa falecida - dois grandes momentos cinematográficos e esplendidos no verdadeiro estilo fordiano. |
O ÚLTIMO HURRAH é narrado por John Ford de forma lírica,
intimista, bem humorada, sentimental e generosa, apresentando Spencer Tracy em
uma de suas mais memoráveis performances do cinema, onde todos destacam-se com
suas participações, desde Jeffrey Hunter (em bom desempenho!),
aos veteranos Basil Rathbone (1892-1967), Donald Crisp, Edward Brophy, Pat O'Brien, Willis
Bouchey e Wallace Ford, irmão do cineasta.
Divulgação do filme pelos jornais do Rio de Janeiro, em 1959 ou 60. |
FICHA
TÉCNICA
(The
Last Hurrah)
Nacionalidade
– Estados Unidos
Ano
de Produção – 1958
Gênero
- Drama
Direção
– John Ford
Produção
– John Ford para Columbia Pictures (e distribuição)
Roteiro
- Frank S. Nugent, baseado no livro de Edwin O' Connor.
Fotografia
- Charles Lawton Jr. – em Preto & Branco
Música
– George Dunning, Paul Sawtell e Cyril J. Mockridge (não creditados)
Metragem – 122 minutos
DIVULGAÇÃO |
Spencer Tracy – Frank
Skeffington
Jeffrey Hunter – Adam
Caulfield
Dianne Foster – Maeve
Caulfield
Pat O’ Brien – John
Gorman
Donald Crisp –
Cardeal Martin Burke
James Gleason –
“Cuke” Gilles
Edward Brophy –
“Ditto” Boland
John Carradine – Amos
Force
Willis Bouchey
- Roger Sugrue
Basil Ruysdael –
Bispo Gardner
Ricardo Cortez - Sam
Weinberg
Wallace Ford -
Charles J. Hennesse
Frank McHugh – Festus
Garvey
Carleton Young –
Winslow
Anna Lee - Gert
Minihan
Ken Curtis –
Monsenhor Killan
Jane Darwell - Delia
Boylan, a velha do funeral
O.Z. Whitehead -
Norman Cass, Jr.
Charles B. Fitzsimons
- Kevin McCluskey
Arthur Walsh – Frank Skeffington Jr.
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