sábado, 16 de dezembro de 2023

Um Convidado Bem Trapalhão (1968): Blake Edwards faz Peter Sellers promover uma festa de arromba!


UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO (The Party), produzido em 1968, é considerada a comédia mais hilariante do eterno Peter Sellers (1925-1980), no qual o argumentista e diretor Blake Edwards (1922-2010) exercita no astro o mesmo tipo de humor que o lançou na série do Inspetor Clouseau e a Pantera Cor de Rosa, comportando sequencias que poderiam figurar nos mais expressivos delírios das comédias dos Irmãos Marx, ou mesmo nas da dupla Laurel e Hardy (O Gordo e o Magro). 

O Diretor Blake Edwards (1922-2010)
O Astro Peter Sellers (1925-1980)
A exceção de um prólogo e de apenas poucos minutos no início e no fim, toda a trama passa numa moderna mansão de um produtor de Hollywood, Fred Clutterbuck (J. Edward McKinley, 1917-2004). Ali, acidentalmente convidado pelo anfitrião, comparece um ator indiano levado a Hollywood para filmar “O Filho de Gunga Din”, o desastrado e atrapalhado Hrundi V. Bakshi (Peter Sellers). O fenomenal indiano já havia se encarregado de levar pelos ares o mais milionário set do filme do qual participava, e agora promove uma série de confusões que acabam transformando a festa num verdadeiro caos.

Peter Sellers sendo filmado por Blake Edwards
Sellers é um ator indiano, Hrundi V. Bakshi. Apesar de toda pose para interpretar O Filho de Gunga Din...
... Hrundi não passa de um trapalhão desastroso!
Embora um trapalhão, Hrundi é polido, frugal e abstêmio, mas em inconsciente cumplicidade com o garçom (Steve Franken, 1932-2012) que bebe todos os drinques recusados. Mesmo assim, vai com o convite que lhe chegou por engano para uma dessas típicas festas hollywoodianas. A casa é cheia de vidros, piscinas e fontes, e isso vai causando problemas variados, sendo que o mais famoso é justamente quando ele sente uma vontade irresistível de ir ao banheiro e não consegue para fazer o "número 2" (foi a primeira vez que se mostrou isso no cinema).

Hrundi é convidado por "acidente" para uma festa em Hollywood...
...e não demora, inicia seus desastres e suas trapalhadas...

...tendo no garçom (Steve Franken) um inconsciente cúmplice dos desastres. 
Por isso, Hrundi acaba estragando toda a dignidade exterior da festa, e termina com o “party” (festa na tradução em inglês) antes da hora, enlouquecendo literalmente o anfitrião.  Por pouco, Hrundi não destrói a casa, o que obriga a intervenção da polícia e do Corpo de Bombeiros. 

Uma atriz vivida por Carol Wayne simpatiza com o indiano, enquanto lá atrás os garçons parecem não se entender.
Hrundi tenta ajudar o anfitrião da festa, mas parece mesmo só atrapalhar.
A bela Claudine Longet no papel de uma atriz aspirante, que logo simpatizará com o indiano atrapalhado vivido por Sellers.
Realizado em 1967 (estreou nos Estados Unidos em março do ano seguinte), UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO sugeriu aos críticos (o que seria previsto para 99 minutos de projeção) um curta metragem de Buster Keaton ou Harold Lloyd, com Sellers repetindo alguns dos traços característicos de seu imortal Clouseau (sobretudo sua predatória distração). A francesa Claudine Longet e a ex-bailarina Marge Champion (1919-2020) participam do elenco, assim como o ex-Tarzan Denny Miller (1934-2014), que interpreta um astro cowboy de cinema, o fabuloso "Wyoming Bill" Kelso. Outro remanescente da série da Pantera Cor de Rosa, o compositor Henry Mancini (1924-1994), encarregou-se da trilha sonora. 

O Ex-Tarzan Denny Miller é um astro cowboy, que também simpatizará com Hrundi.
divulgação
Uma festa de arromba!

UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO
se espelha perfeitamente em seu tempo, e em sua época. Não poderia faltar um toque do movimento hippie num filme feito e passado na Hollywood de 1968, tendo também referências aos constantes e diários protestos (como contra a Guerra do Vietnã, ainda que de modo velado). O pequeno elefante que adentra a mansão vem dentro dessa atmosfera hippie. A cítara que o personagem de Peter Sellers pratica em casa no momento em que chega o convite para a festa, e ele fumando maconha, também caracterizam o movimento.

Divulgação

O movimento Hippie presente no filme!

A entrada do elefantinho na mansão, que provoca ainda mais confusão, e a cítara, não poderiam faltar em UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO (1968).
Todo filme precisa ter uma female interest, como se diz em Hollywood – uma personagem feminina, para tornar as coisas mais interessantes. A female interest de UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO é uma jovem atriz e cantora francesa, Claudine Longet. Ela interpreta Michele Monet, um personagem feito à sua imagem e semelhança. Michele é uma jovem cantora e aspirante a atriz francesa recém-chegada a Hollywood, em busca de um lugar ao sol. Ela é levada à festa por um diretor que trabalha para o estúdio de Clutterbuck, Divot (Gavin MacLeod, 1931-2021). Divot está dando a maior força para que Michele tenha uma oportunidade, faça um teste e ganhe algum papel em um filme. Naturalmente, não faz isso de boa índole, e sim porque que deseja a aspirante atriz. Mas Michele vai simpatizar com o indiano trapalhão.

Claudine Longet e Peter Sellers, um par perfeito!

Um Convidado Bem Trapalhão foi o filme em que Edwards experimentou uma incrível liberdade de criação, falando de dentro de Hollywood – ou seja, um filme implosivo – como se estivesse ao mesmo tempo satisfeito e profundamente desdenhoso em relação a tudo que aquele universo representava. Não havia roteiro para o filme, apenas linhas gerais de ação e de descrição dos personagens, anotações a partir das quais tudo era improvisado. Aqui no Brasil se tornou uma das comédias preferidas do público brasileiro, que retornou várias vezes as salas em suas reprises, contudo não gozou do mesmo sucesso nos Estados Unidos. Mas se tornou uma obra Cult, sendo um dos melhores momentos do diretor Blake Edwards e de um dos maiores artistas cômicos do Século XX, Peter Sellers




Um Convidado 
Bem Trapalhão
(The Party)

Ano de Produção – 1968

País – Estados Unidos

Gênero - Comédia

Direção – Blake Edwards

Produção – Blake Edwards, Ken Wales, Walter Mirish, para a United Artist.

Fotografia – Lucien Ballard (em cores)

Música – Henry Mancini

Metragem – 99 minutos


ELENCO

Peter Sellers - Hrundi V. Bakshi

Claudine Longet - Michele Monet

Natalia Borisova -  Ballerina

Jean Carson - Nanny

Marge Champion - Rosalind Dunphy

Corinne Cole  - Janice Kane

Dick Crockett  - Wells
Carol Wayne - June Warren

Frances Davis  - Maid

Denny Miller - 'Wyoming Bill' Kelso

Danielle De Metz - Stella D'Angelo

Steve Franken – Levinson, o garçom

Kathe Green - Molly Clutterbuck

Allen Jung – Cook

Buddy Lester - Davey Kane

Gavin MacLeod - C. S. Divot

Fay McKenzie - Alice Clutterbuck

J. Edward McKinley - Fred Clutterbuck


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